Determinação de Vitamina C em alimentos
Experimento desenvolvido em aula prática com a turma P1 de Bases Química para Biologia (BQB-P1). Experimento fácil e de baixo custo que forneceu uma ótima oportunidade para o aprendizado de reações químicas de oxi-redução, importância bioquímica da vitamina C, nutrição e saúde!
A vitamina C, também conhecida como ácido L-ascórbico (L-AA), foi isolada pela primeira vez em 1922, pelo pesquisador húngaro Szent-Györgi. Alguns mamíferos como o homem, o macaco, a cobaia, diferentemente da maioria dos animais não sintetizam a vitamina C, têm que adquiri-la nos alimentos. No nosso organismo a vitamina C está relacionada com a formação do tecido conjuntivo e é um excelente antioxidante que pode atuar nas células evitando o envelhecimento precoce provocado pelos temíveis radicais livres. O prêmio Nobel Linus Pauling recomendava o consumo diário de pelo menos três gramas desta vitamina em sua polêmica proposta de tratamento ortomolecular para evitar doenças degenerativas como o câncer. O L-AA é muito usado na indústria de alimentos como conservante e antioxidante.
Resultados
Equivalente a 1 g de acerola: 7 g de caju, 57 g de abacaxi, 19 g de goiaba, 57 g de umbu
Experimental
Reagentes utilizados: Um comprimido efervescente de vitamina C diluído em 1 L de água (solução padrão, 1 g de L-AA), solução de iodo a 1% em etanol (agente titulante, 200 ml), cinco pacotes com polpas de frutas congeladas (amostras, 100 g) e amido de milho suspenso em 200 mL água a 50 graus Celsius (indicador, 2 g).
Os pacotes de polpas, ainda congelados, foram diluídos em 500 mL de água. Alíquotas de 25 mL das amostras foram previamente preparadas com a adição de 5 mL de suspensão de amido e em seguida tituladas com a solução de iodo através de buretas volumétricas . As análises foram iniciadas imediatamente após a dissolução dos sucos para evitar a oxidação da vitamina C pelo oxigênio do ar.
A quatidade de L-AA nas amostras foi calculada através da relação entre os volumes de solução de iodo gastos para atingir a cor azul em 25 mL de amostra e em 25 mL de solução padrão.
Amostras de sucos de frutas antes (A) e depois de analisadas (B)
Discussão
A reação de L-AA com iodo é do tipo oxi-redução (1). A determinação do final da reação foi feita pela mudança de coloração da amostra de suco de frutas para azul escuro através da clássica reação de amido com iodo (2). Essa mudança de coloração ocorreu quando o amido adicionado ao suco de fruta reagiu com o excesso de iodo e todo o conteúdo de L-AA na amostra foi convertido a ácido dehidroascórbico, no final da reação (1).
[ácido ascórbico + iodo => ácido dehidroascórbico]
Complexação: I- + I2 -> I3- + amido -> complexo [I3--amido] (azul escuro) (2)
Conclusões
A acerola foi a fruta que apresentou o maior teor de vitamina C (1353 mg/100 g de suco).
Os resultados obtidos pelos alunos de BQB-P1 foram excelentes considerando o caráter eminentemente didáctico do procedimento. Na literatura e em sites especializados encontramos valores do teor de ácido ascórbico determinado para muitas frutas e por vários métodos analíticos. Apenas para comparação, anotamos os valores relatados para frutas de gênero ou espécies semelhantes às que foram estudadas nesse experimento: Malpighia glabra L. (acerola, 1660 mg/g), Anacardium occidentale L.(caju, 200 mg/g); Ananas comosus L. Merril (abacaxi, 61 mg/100g); Psidium guajava L. (goiaba vermelha, 67 mg/g) e Spondias tuberosa Arruda (umbu, 33 mg/g). Fontes: http://www.todafruta.com.br e http://www.emedix.com.br (visitados em 26/04/09). É importante ressaltar que o teor de ácido ascórbico nas frutas varia muito com a variedade do cultivar, época do ano, condições climáticas e o tempo de colheita.
Pagar caro por fármacos à base de vitamina C é uma opção discutível no nosso Brasil repleto de frutas tropicais ricas deste princípio activo, principalmente no Nordeste.
Referências
- SILVA, R R; FERREIRA; G A L E SILVA, S L. À Procura da Vitamina C, Química Nova na Escola, São Paulo, n.2, p. 1-2, nov. 1995.
- FIORUCCI, A R, SOARES, M H F B e CAVALHEIRO, E T G. A importancia da vitamina C na sociedade através dos tempos, Química Nova na Escola, São Paulo, n.17, p. 3-7, mai. 2003.