quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Espinheiras-santas do Brasil

O gênero Maytenus Molina é um dos maiores da família Celastraceae, abrangendo 200 espécies. Esse gênero é predominantemente sulamericano, e muitas de suas espécies são usadas na medicina popular da América do Sul na forma de infusões ou decocções, devido às suas atividades analgésica, antiinflamatória e antiulcerogênica. No Brasil é encontrado o maior centro de diversidade específica do gênero1 e algumas dessas plantas, utilizadas na etnomedicina brasileira encontram-se relacionadas na tabela a seguir. Diversas espécies de Maytenus já foram estudadas e tiveram suas atividades farmacológicas comprovadas2.

Plantas do gênero Maytenus utilizadas na etnomedicina brasileira

Espécie

Nome Popular

Parte

Forma/uso

Indicação

ref

Maytenus

acanthophylla

Espinheira santa

Folhas

Decocção/oral

Gastrite, úlcera,

3

Pau-de-Jararaca

Folhas

Infusão/oral

Digestivo,

3

antisséptico,

3

antiinflamatório.

3

Folhas

Decocção/banho

Infecções urogenitais.

3

M. ilicifolia.

Espinheira santa

Folhas

Decocção/oral

Gastrite, úlcera.

4, 5

Espinhos-de-deus

Folhas

Infusão ou decocção/oral

Reumatismo, febre, disturbios, gastrointestinais.

6

Folhas

Decocção/oral

Digestivo e antiespasmódico.

7

Raiz

Decocção/oral

Contraceptivo.

8

Folhas

Decocção/oral

Anticâncerigeno.

9

Flores

Decocção/oral

Antiinflamatório.

10

M. salicifolia

Cafezinho

Folhas

Decocção/banho

Pruridos e alergias cutâneas.

11

Folhas

Decocção/oral

Úlceras estomacais.

11

M. truncata

Espinheira santa

Folhas

Decocção/oral

Gastrite, úlcera.

12, 13

M. aquifolium

Espinheira santa

Folhas

Decocção/oral

Analgésica e antiulcerogênica.

14

M. obtusifolia

Carne-de-anta;

Carrancudo;

Bom-nome

Folhas

Decocção/oral

Úlceras,

inflamações,

câncer.

2

M. robusta

Piriquiteira15

Folhas

Decocção/oral

Úlceras estomacais.

16

M. boaria

Coração de bugre

Folhas

Chá/oral

Febre.

15

M. rigida

Bom-homem, Pau-de-colher

Casca do Caule

Decocção/oral

Antiinflamatória, antiúlcera, antidiarréica.

17

As espécies Maytenus acantophylla e M. truncata ocorrem na região Sudoeste da Bahia e são chamadas de espinheira-santa.

Referências

1. Carvalho-Okano, R. M. d., Maytenus littoralis Carvalho-Okano (Celastraceae),uma nova espécie para o Brasil. Hoehnea 2005, 32, (3), 467-469.

2. Mota, K. S. D.; Pita, J.; Estevam, E. C.; Medeiros, V. M.; Tavares, J. F.; Agra, M. D.; Diniz, M.; da Silva, M. S.; Batista, L. M., Evaluation of the toxicity and antiulcerogenic activity of the ethanol extract of Maytenus obtusifolia Mart. leaves. Revista Brasileira De Farmacognosia-Brazilian Journal of Pharmacognosy 2008, 18, (3), 441-446.

3. de Oliveira, D. M.; Salazar, G. d. C. M.; Sousa, S. B., Estudo Etnobotânico da Microregião de Jequié - Bahia - Etapa I (Painel). In III Jornada Paulista de Plantas Medicinais-CBPQPA/Unicamp, 1997, Campinas. III Jornada Paulista de Plantas Medicinais-CBPQPA/Unicamp e I Encontro Racine de Fitoterapia e Fitocosmética., UNICAMP: Campinas, 1997.

4. Carlini, E. A. M. L.; Braz, S., Efeito protetor do liofilizado obtido do abafado de Maytenus sp. (espinheira-santa) contra a úlcera gástrica experimental em ratos. In: Carlini, E. Estudo de ação antiúlcera gástrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia "espinheira-santa" e outras). In Programa de pesquisa de plantas medicinais, Saúde, M. d., Ed. CEME/AFIP: 1988.

5. Corrêa, M. P., Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Ministério da Agricultura: Rio de Janeiro, 1984; Vol. 6, p 133-135.

6. Ohsaki, A.; Imai, Y.; Naruse, M.; Ayabe, S.; Komiyama, K.; Takashima, J., Four new triterpenoids from Maytenus ilicifolia. Journal of Natural Products 2004, 67, (3), 469-471.

7. Balbach, A., A Flora Nacional na Medicina Doméstica. 11th ed.; São Paulo, 1980; p 885.

8. Itokawa, H.; Shirota, O.; Morita, H.; Takeya, K.; Iitaka, Y., Isolation, structural elucidation and conformational-analysis of sesquiterpene pyridine alkaloids from maytenus-ebenifolia reiss - X-ray molecular-structure of ebenifoline-W-I. Journal of the Chemical Society-Perkin Transactions 1 1993, (11), 1247-1254.

9. Gutierrez, F.; Estevez-Braun, A.; Ravelo, A. G.; Astudillo, L.; Zarate, R., Terpenoids from the medicinal plant Maytenus ilicifolia. Journal of Natural Products 2007, 70, (6), 1049-1052.

10. Alice, C. B.; Siqueira, N. C. S.; Mentz, L. A.; Brasil e Silva, G. A. A.; José, K. F. D., Plantas medicinais de uso popular: atlas farmacognóstico. Ulbra: Canoas, 1995; p 205.

11. Miranda, R. R. S. Estudo fitoquímico e avaliação do potencial farmacêutico de Maytenus salicifolia Reissek (Celastraceae). UFMG, Belo Horizonte, MG, Brasil, 2007.

12. Silva, J. L.; Silva, R. P.; Jorge, R. M.; Silva, G. D. F.; Vieira Filho, S. A.; Fonseca, A. P. N. D.; Tagliati, C. A., Avaliação da atividade antiulcerogênica da Maytenus truncata Reiss (Celastraceae). Revista Brasileira de Farmacognosia 2005, 15, 30-35.

13. Salazar, G. d. C. M. Maytenus truncata Reissek: Estudo Fitoquímico: Análises Histológica e da Capacidade Sortiva de Folhas e Avaliação de Atividade Biológica de Extratos. Tese, UFMG, Belo Horizonte, 2005.

14. Gonzalez, F. G.; Portela, T. Y.; Stipp, E. J.; Di Stasi, L. C., Antiulcerogenic and analgesic effects of Maytenus aquifolium, Sorocea bomplandii and Zolernia ilicifolia. Journal of Ethnopharmacology 2001, 77, (1), 41-47.

15. UFSM - Inventário Florístico. http://coralx.ufsm.br/ifcrs/index.php (20/08/2009),

16. de Andrade, S. F.; Lemos, M.; Comunello, E.; Noldin, V. F.; Filho, V. C.; Niero, R., Evaluation of the antiulcerogenic activity of Maytenus robusta (Celastraceae) in different experimental ulcer models. Journal of Ethnopharmacology 2007, 113, (2), 252-257.

17. Rocha, C. S. d.; Pimentel, R. M. d. M.; Randau, K. P.; Xavier, H. S., Morfoanatomia de Folhas de Maytenus rigida Mart. (Celastraceae); uma Espécie Utilizada Como Medicinal no Nordeste do Brasil. Acta Farm. Bonaerense 2004, 23, ( 4), 472-6.